sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Melhor Presente

Melhor presente

Hoje, véspera de Natal e já ganhei o meu presentinho do bom velhinho! Voltarei para casa, vou passar o Ano novo com a minha família! (risos)Isso é MARAVILHOSO! Meu melhor presente de Natal de toda a minha vida. É a magia do Natal...rs

Aliás, esse ano os dias comemorativos foram os melhores da minha vida! Dia das mães, depois de 1 mês de internação (antes da Leucemia), passei em casa. Muitos abraços e beijinhos logo de manhã, e lágrimas de felicidade rolaram pelo meu rosto.
Meu aniversário foi no hospital, mas tive a inexperada visita do meu Amor! Presentinhos, bolo e muito amor de amigos. Só faltou as crianças, mas mesmo assim foi o melhor!
Depois disso, hospital de novo, para o tratamento. Falta pouco... acho que final de fevereiro termina a quimio.

Todo final de ano, passa um filme na minha cabeça, de tudo que fiz nesse ano. Ano passado, senti que não havia feito nada progressivo. Fora um ano corrido, trabalhei muito, e enfrentei um novo emprego! Novo emprego, quer dizer estresse até aprender fazer as coisas, novas amizades e lidar com as pessoas.  Esse ano tenho tanto pra pensar!
 Me sinto previlegiada por tanto ter aprendido que viver é bom demais.
Só vivendo para sentir como é amar e ser amada; sentir o ar entrar nos pulmões e ser grata apenas por isso; o prazer de tomar um banho, sentir a água correr pelo corpo e o relaxamento que isso promove; chorar com coisas bobas, mas importante pra mim; o valor que um sorriso acaba com qualquer tempestade. Só vivendo para saber dessas coisas.

Aqui vai um trecho do blog da minha inspiração de força, Fernanda... http://fernandanalutapelacura.blog.terra.com.br  (a mãe dela que posta)
"Como dizia minha bisavó: não há mal q sempre dure e nem bem q nunca se acabe! Se o momento é de sofrimento… Faça dele um ensinamento! Amadureça e cresça! Se o momento é de alegria, curta e aproveite cada minuto… Pois o próximo pode ser ruim ou simplesmente não mais existir! Não esqueça nunca de dizer o qto ama as pessoas e o qto sente falta delas! Não deixe para brincar com seu filho amanhã… Viva e aproveite o dia de hoje! Volte a ser criança de vez em qdo… É bom e não te faz parecer idiota! Não deixe para usar aquela roupa nova numa ocasião especial… Pois estar vivo e com saúde é muito especial e merece ser comemorado todos os dias!"
Desejo à todos, um Feliz Natal e Ano novo! Muita saúde, felicidade, e abrace,beije muito as pessoas que amam e nunca deixe de dizer o quanto ela é importante!

Vergonha

Vergonha

Algumas coisas do passado vem a tona para o presente. Há uma de que eu me envergonho muito!
Como já falei no começo do blog, sobre suicídio e  as pessoas que lutam para viver.
Isso porque eu já fui uma suicída, pelo menos em pensamento. Quantas vezes, quando mais jovem, pensei nisso. Na fase imatura da adolescência, achando que meus problemas eram os piores do mundo!
Inconsequente pensamento!
E hoje vem a vida, e me ensina como é importante viver. Pois depois da tempestade, o sol brilha para todos, mas só vivendo para ver isso.
Há vários tipos de sucídio! Matando o próprio corpo aos poucos, com vícios; pelo pensamento; a falta de vontade de viver.
No meu caso, pelo pensamento...coisa mais irresponsável e egoísta que pude pensar.
Não pensara em quem poderia ficar! O sofrimento que causaria aos meus entes queridos e as pessoas que se importam comigo. O estrago que faria na vida de cada um. Eu estaria cometendo vários assassinatos! (sim, porque assassinato também vários tipos. No caso, mataria aos poucos as pessoas que se importam comigo).
E quem não protegeria, as pessoas que amam? Então suportar os problemas, é a forma de proteção.

Falta de respeito com meus pais que me deram a vida, com Deus que me emprestou esse corpo.
Me envergonho disso, mas agradeço por ter aprendido. Por ter sentido a tempo, de como viver é maravilhoso!

Só vivendo puder sentir a felicidade, conhecer o Amor! Amor de todos os tipos!

E por experiência própria, eu digo....gosto do lívre-arbítrio, faça o que quiser, mas seja responsável pelas consequências desse ato, doe tudo que for possível para aqueles que luta pela vida. Faça sem incomodar ninguém( se isso for possível)!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tratamento

Meu Tratamento - Leucemia Linfóide Aguda (LLA)

Quando fui internada, o médico já fez uma programação pra mim de tipos de remédios que iria usar na quimioterapia. Segundo ele, para cada paciente é diferente, porque interfere idade, vicios, sistema imunológico, e etc, etc...
Pode ser que esses remédios não combinassem com meu corpo, aí o médico teria que substituir por outros. Mas graças a Deus, não precisou.

A minha quimioterapia fico dividida em 2 partes, que eu teria que fazer 4 vezes. Ou seja, 1-1, 1-2, 2-1, 2-2... e assim por diante!
Agora terminei de fazer o 3-2. O que demora são os intervalos de cada um! Porque depende do corpo de como ele vai reagir e de quanto tempo ele demorará pra reagir. No meu caso, demora de 2 a 3 semanas mais ou menos esse intervalo.

Em cada quimioterapia, os glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, e as plaquetas abaixam de vez, deixando meu corpo fraco. É por isso que todo cuidado é pouco! Facilmente posso pegar uma simples gripe, ou infecção, o que pode ser fatal.

Na medida que vai abaixando esses valores, o médico vai controlando pelo exame de sangue. Quando atinge um certo limite, vou recebendo transfusões de plaquetas e glóbulos vermelhos(Isso em cada etapa da quimio, por isso que é importante a doação de sangue). Os glóbulos brancos, é através de injeções. Conforme vai passando, a "grande fábrica de sangue" (medula óssea) começa a produzir por si, e aumentando esses valores.

Faço dia sim e dia não o exame de sangue, e todo começo da quimioterapia faço o exame da medula óssea. O objetivo é manter menos que 5 % da doença, e até agora o meu está controlado. Uma vez que nunca chega o valor 0, sempre fica alguma coisa, mas é tão pouquinho que não afeta nada no corpo!
Mas nunca poderei doar sangue, ou medula óssea, já que pouco se sabe dessa doença também.

Quando me recupero de cada quimio, meu corpo fica normal. Mas durante os intervalos me dá algumas dores musculares e nos ossos, por causa dos glóbulos brancos que estão aumentando. Ás vezes moleza no corpo quando preciso de glóbulos vermelhos.

A primeira sessão de quimioterapia foi difícil, porque não sabia que tipo de efeito colateral poderia dar em mim, uma vez que cada pessoa tem um tipo diferente de efeitos colaterais. Na segunda em diante, já fica mais fácil, pois já toma remédio pra previnir, e meu corpo já fica mais acostumado com os medicamentos. E a parte psicológica também melhora.

Há um grupo de células na medula óssea, que são 5 componentes eu acho. O meu um chamado linfócito B que é o ruim. Ele substituia os bons, e se espalhava pelo meu corpo, como se fosse um espião desfarçado! (risos)
E não tem como matar apenas esse espião, então tem que matar todos! É por isso que a quimio "mata" todos os componentes do sangue.
Bem, eu expliquei com minhas próprias palavras, mas quem quiser saber mais, tá aí o site http://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lla.php

Transplante De Medula Óssea

Eu não sei se vou precisar ainda, vai depender dos resultados finais. Mas os médicos estão pensando na possibilidade, por causa de uma anomalia no cromossomos que acharam.

O transplante, pelo que o médico me explicou, é simples! O doador fica uns 5 dias mais ou menos internado, para fazer exames. Nada doloroso, pois é dada anestesia geral no doador, ou seja, ele dorme durante o processo. Aí é feita várias punções na medula óssea.
O tempo internação serve para fazer o exame de quanto que o corpo do doador aguentará de anestesia,  seu estado de saúde, e para se recuperar da doação. Depois disso, logo a medula óssea se recupera, e continua a vida normalmente.
O custo da doação é 0! O receptor é quem paga toda a dispesa médica, como as viagens ao local também.
O receptor, recebe o líquido da medula óssea do doador via soro, pela veia.
Quem quiser saber mais... http://www.abrale.org.br/doencas/transplante/index.php

Primeiramente, vou fazer o teste de compatibilidade com meu irmão ( mesmo pai e mãe), que pode ser 25% compatível. Se não for, vão ter que procurar no banco de medula óssea. Mas segundo os médicos, por eu ser descendente pura de japoneses, é mais fácil de achar aqui. Se fosse mestiça, teriam que procurar nos bancos internacionais de medula óssea.

Pior Parte Do Tratamento

Pior Parte Do Tratamento

A pior parte do tratamento para mim, foi a parte psicológica. Como eu disse no começo, a parte física tem remédio para tudo! Mas a parte psicológica não há.
Eu até acho que poderia ter um acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra quando você está naquela área de isolamento. Porque ficar isolado já é difícil, e ainda doente...
Eu quase pirei mesmo! Noites de insônia, e mesmo com medicamentos para dormir, quando eu conseguia dormir, tinha pesadelos com sensações e tudo. Acabava esquecendo do mundo de fora, e só pensando que minha vida fosse o hospital, médicos e enfermeiras!
O que realmente me ajudou, me manteve forte foi minha família, meus amigos e Deus!

E por incrível que pareça, em todos os meus pesadelos, meu marido sempre aparecia para me " salvar" e sempre me sentia segura com ele. E por mais louca que eu estivesse, ele sempre acreditava em mim.
Cheguei a sonhar várias vezes que estava num hospício, e eu dizia que não era louca, mas ninguém acreditava em mim. Toda vez que eu tentava fugir, vinha uns enfermeiros e aplicava remédios que me deixava zonza, e nessa meu marido aparecia para me socorrer! (risos)

Visitas No Hospital

Quando estava na área de isolamento, eu só podia receber visitas de 3 pessoas. Meu marido, meu pai e minha amiga.

Na primeira parte do tratamento, foi a piorzinha, pelo meu corpo não estar acostumado com os medicamentos forte da quimioterapia, e pela doença estar em mim. Então tive alguns efeitos colaterais, como a prisão-de-ventre, dores nos ossos e pelo corpo. E cada pessoa tem um tipo de efeito colateral diferente, então não dá pra prevêr o que pode dar! Mas graças a Deus, não tive enjôos, como muitos dizem que tiveram...

No começo fiquei bem ruinzinha, por causa das dores, o médico me dava remédio que amortecia meu corpo inteiro. Mas também deixava minha mente vazia, sem nenhuma sensações! Não conseguia pensar direito, ou falar coisa com coisa...

Amigos mandavam e-mail ou ligavam, mas eu mal estava podendo comigo. Então eu passava um mail pro meu marido explicando como eu estava, e para explicarem à eles. E olha que eu nem sei como ele entendia os meus e-mails, porque depois eu fui pegar pra ler, totalmente sem pé e cabeça, letras comidas...

Teve dias que fiquei sem comunicação nenhuma com ninguém, nem mesmo com a minha família. Sei que isso os preocupou, mas também sei que eles me compreenderam que eu não conseguia. Apenas ouvia a secretária eletrônica com palavras de forças deles, o que ajudou muito!

Todo domingo era folga do meu marido, ele vinha me visitar. Eu pedia a ele que não precisava vir, quando eu estivesse assim, porque sei que ele sofreria ao me ver daquele jeito. Mas mesmo assim ele vinha, falava que nem que fosse pra ficar quietinho do meu lado, ele já estava feliz!
Então eu só pedia pra falar das crianças, era o que me aliviava. Nada de perguntas, porque eu não conseguia raciocinar para responder.

É estranho, cada pessoa pode pensar diferente sobre isso, mas entendi que visitar um paciente num hospital, você tem que vim preparado emocionalmente pra tudo o que pode encontrar! É difícil, mas é ruim receber visitas com alguém que já vem com cara de "interro" ou com cara de "sinto muito".
 Não que eu não compreenda, mas é o meu ponto de vista. E isso sou eu, claro que pode ter pacientes que preferem isso, do que uma animação, uns podem achar que estão tirando o sarro da infelicidade dos outros.

Pra mim, a melhor visita, é aquela que vem cheio de vida, conversando alegramente sobre as coisas do dia a dia de fora. Isso anima, me bota pra cima!

Minhas amigas quando vem, é assim, conversamos sobre coisas do dia a dia, filhos, casa, marido, trabalho, e é muito engraçado! Mesmo pelo telefone, é aquela coisa animada! Dou muita risada!

Com meu pai já gosto de relembrar o passado, quando ele me conta sobre minha falecida avó que não pude conhecer, sobre meus tios, sobre a infância dele. E minha imaginação é tão fértil que me divirto com isso, acabo conhecendo um pouco da minha avó só pelo o que ele me conta.

Com meu marido já sinto tanta coisa.... o cheirinho grudado nele, cheirinho de casa, cheirinho das crianças, que me faz sentir forte emoções! A segurança que sinto quando ele está aqui é tão grande, que me dá um sono tão gostoso, tão relaxante e profundo. Ainda que eu tento não dormir, só que tem dias que não resisto! São alguns minutos de sono, mas são minutos que em uma noite no hospital não me descansa tanto. O pior que até ele sente sono! (risos)