terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pior Parte Do Tratamento

Pior Parte Do Tratamento

A pior parte do tratamento para mim, foi a parte psicológica. Como eu disse no começo, a parte física tem remédio para tudo! Mas a parte psicológica não há.
Eu até acho que poderia ter um acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra quando você está naquela área de isolamento. Porque ficar isolado já é difícil, e ainda doente...
Eu quase pirei mesmo! Noites de insônia, e mesmo com medicamentos para dormir, quando eu conseguia dormir, tinha pesadelos com sensações e tudo. Acabava esquecendo do mundo de fora, e só pensando que minha vida fosse o hospital, médicos e enfermeiras!
O que realmente me ajudou, me manteve forte foi minha família, meus amigos e Deus!

E por incrível que pareça, em todos os meus pesadelos, meu marido sempre aparecia para me " salvar" e sempre me sentia segura com ele. E por mais louca que eu estivesse, ele sempre acreditava em mim.
Cheguei a sonhar várias vezes que estava num hospício, e eu dizia que não era louca, mas ninguém acreditava em mim. Toda vez que eu tentava fugir, vinha uns enfermeiros e aplicava remédios que me deixava zonza, e nessa meu marido aparecia para me socorrer! (risos)

Visitas No Hospital

Quando estava na área de isolamento, eu só podia receber visitas de 3 pessoas. Meu marido, meu pai e minha amiga.

Na primeira parte do tratamento, foi a piorzinha, pelo meu corpo não estar acostumado com os medicamentos forte da quimioterapia, e pela doença estar em mim. Então tive alguns efeitos colaterais, como a prisão-de-ventre, dores nos ossos e pelo corpo. E cada pessoa tem um tipo de efeito colateral diferente, então não dá pra prevêr o que pode dar! Mas graças a Deus, não tive enjôos, como muitos dizem que tiveram...

No começo fiquei bem ruinzinha, por causa das dores, o médico me dava remédio que amortecia meu corpo inteiro. Mas também deixava minha mente vazia, sem nenhuma sensações! Não conseguia pensar direito, ou falar coisa com coisa...

Amigos mandavam e-mail ou ligavam, mas eu mal estava podendo comigo. Então eu passava um mail pro meu marido explicando como eu estava, e para explicarem à eles. E olha que eu nem sei como ele entendia os meus e-mails, porque depois eu fui pegar pra ler, totalmente sem pé e cabeça, letras comidas...

Teve dias que fiquei sem comunicação nenhuma com ninguém, nem mesmo com a minha família. Sei que isso os preocupou, mas também sei que eles me compreenderam que eu não conseguia. Apenas ouvia a secretária eletrônica com palavras de forças deles, o que ajudou muito!

Todo domingo era folga do meu marido, ele vinha me visitar. Eu pedia a ele que não precisava vir, quando eu estivesse assim, porque sei que ele sofreria ao me ver daquele jeito. Mas mesmo assim ele vinha, falava que nem que fosse pra ficar quietinho do meu lado, ele já estava feliz!
Então eu só pedia pra falar das crianças, era o que me aliviava. Nada de perguntas, porque eu não conseguia raciocinar para responder.

É estranho, cada pessoa pode pensar diferente sobre isso, mas entendi que visitar um paciente num hospital, você tem que vim preparado emocionalmente pra tudo o que pode encontrar! É difícil, mas é ruim receber visitas com alguém que já vem com cara de "interro" ou com cara de "sinto muito".
 Não que eu não compreenda, mas é o meu ponto de vista. E isso sou eu, claro que pode ter pacientes que preferem isso, do que uma animação, uns podem achar que estão tirando o sarro da infelicidade dos outros.

Pra mim, a melhor visita, é aquela que vem cheio de vida, conversando alegramente sobre as coisas do dia a dia de fora. Isso anima, me bota pra cima!

Minhas amigas quando vem, é assim, conversamos sobre coisas do dia a dia, filhos, casa, marido, trabalho, e é muito engraçado! Mesmo pelo telefone, é aquela coisa animada! Dou muita risada!

Com meu pai já gosto de relembrar o passado, quando ele me conta sobre minha falecida avó que não pude conhecer, sobre meus tios, sobre a infância dele. E minha imaginação é tão fértil que me divirto com isso, acabo conhecendo um pouco da minha avó só pelo o que ele me conta.

Com meu marido já sinto tanta coisa.... o cheirinho grudado nele, cheirinho de casa, cheirinho das crianças, que me faz sentir forte emoções! A segurança que sinto quando ele está aqui é tão grande, que me dá um sono tão gostoso, tão relaxante e profundo. Ainda que eu tento não dormir, só que tem dias que não resisto! São alguns minutos de sono, mas são minutos que em uma noite no hospital não me descansa tanto. O pior que até ele sente sono! (risos)

Um comentário:

Anônimo disse...

A poucos dias tive a triste notícia que o meu namorado está com Leucemia. Fiquei chocado com isso, tenho falado atraves de mensagens com ele e quando da eu ligo. Esta totalmente isolado para o tratamento. Tenho que me manter forte neste momento tão triste. Ao mesmo tempo quando li seu depoimento pude perceber todo o teu sofrimento.
Tenho Fé e acredito que ele vai ficar bom. Ele é a minha vida. Sei que Deus nunca nos abandona. Deus é maior que tudo.