quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Mais essa

Mais essa!

Voltando na rotina de casa, mas de uma forma diferente, sempre aproveito o máximo a companhia da minha família. Domingo, o dia que estão todos em casa, é só alegria! Mas chega na segunda-feira, já fico meia triste por todos tem que ir estudar e trabalhar e infelizmente eu ainda não posso.

Estou indo ao médico pelo menos 1 vez por mês, para exame de sangue e a cada 3 meses faço exame da medula óssea para checar a doença. Como eu disse antes, a leucemia é uma doença que não sai do corpo totalmente! Sempre sobra um pouquinho, mas é tão pouquinho que não atrapalha o corpo. Isso seria menos que 5% da doença, e para isso faço exames para checar essa contagem. Tenho o tempo de 5 anos de checagem, e se a doença não evoluir mais, quer dizer que já estou curada!

Agora, por causa da quimioterapia que tive que fazer para sarar a Leucemia, apareceu a Osteonecrose Avaral da cabeça do fêmur e umeral! Basicamente, é quando alguns vasos sanguíneos que tem dentro do osso, pára de bombar sangue e assim essa partezinha do osso morre, causando dores entre a perna e o corpo, e o ombro. No meu caso, isso aconteceu por causa do remédio da quimio, esteróide que foi aplicado em mim.
Sinto dores nos ombros e um lado da perna. Não conseguindo andar direito, pois um lado está um pouco menor que o outro. E nos ombros, eu não consigo esticar meus braços, mesmo parada ou dormindo, dói. O médico receito remédios para dor, e segundo o Ortopedista, só com cirurgia, colocando pino ou prótese que posso voltar a ter os movimentos de volta, sem a dor. Mas o Hematologista disse que pode ser que com o tempo, meu corpo vai se recuperando da quimio, e vai voltando ao normal...

Até brinquei com meu marido, de que eu vou ser uma velhinha toda quebrada, emendada e gaga! (risos)
Bom, a minha esperança está com o Hematologista, pois cirurgia pra mim, agora seria muito complicado!

 Quando recebi essa notícia, fiquei meia abalada. Fui ingênua ao pensar de que faria a quimioterapia, melhoraria da Leucemia e estaria livre! Isso provou de como a quimioterapia é forte!
Mas ainda assim, me sinto feliz a cada dia, por estar com a minha família, por estar viva, e poder acompanhar o crescimento dos meus filhos! Tudo o que passo, vejo, sinto hoje, sinto dobrado! Ninguém entende como uma simples e normal coisas do dia a dia, pode ser a felicidade!

Tem dias que (isso prova que sou ser humana também, risos) uma escuridão vem para me pegar, e fico triste, até mesmo revoltada por estar sentindo dor, por não conseguir fazer o que quero, por não conseguir fazer exercícios, jogar vôlei. Choro por isso, mas graças a Deus que é momentâneo. É aí que sinto Deus comigo, me mostrando as pessoas bondosas que tenho em volta, o amor que estou envolvida. E de que tudo é uma lição, lutar faz parte do meu dia a dia, e mesmo assim me sinto feliz!

Ás vezes quando o cansaço me domina e as dores estão mais intensas, meu marido é quem me dá banho e faz o restante dos afazeres de casa. Meus filhos tão pequenos, mas tão preocupados comigo, me ajudam, dobram e guarda as roupas, passam aspirador, e sempre perguntam o que tem pra ajudar. Eu vendo isso, me sinto incomodada de não poder fazer as vezes, mas sinto uma felicidade imensa, o amor deles por mim!

Agora é tudo questão de adaptação! Basta eu me adaptar com o limite do meu corpo agora. O médico liberou eu fazer exercícios, contanto de que eu não sinta dor! Mas como eu não conheço meu corpo agora, tenho que tudo tentar, se doer paro, se não doer continuo. Por exemplo, andar de calçado baixo dói mais a minha perna e acabo mancando mais, e se for um calçado um pouco mais alto, ando quase normalmente e sinto menos dor! Incrível não???? Quem diria que salto, é mais fácil de andar?!

Na gincana da escola da minha filhinha!( Esse ano eu pude participar! rs )

sábado, 16 de abril de 2011

Já em casa...

Já em casa...

Faz um tempo que não atualizo aqui...mas por causa da correria do dia a dia, acabei não arranjando um tempinho para escrever!

Acabou as quimios no final do mês de abril! Fiquei tão contente e estava muito impolgada, tanto que na semana anterior mal conseguir dormir de tanta ansiedade.
Voltei pra casa eufórica, que nem em casa conseguia dormir também!

Meus filhos ficaram contentes por eu ter voltado, e perguntaram se eu ia pro hospital de novo. Ao mesmo tempo que eles estavam felizes pela minha volta, estavam triste também, porque sabiam que eu voltando a avó ia embora pra casa dela. Ela mora em outro estado, dá umas 5 horas mais ou menos de viagem.

No dia seguinte, a minha sogra já queria voltar pra casa dela, onde meu sogro a esperava. Meu sogro ficou super feliz por ter a sua amada de volta! Levamos ela até na casa dela, e a despedida foi triste...
Eu sempre senti muito por ter pedido a ela pra ficar em casa, cuidando dos meus filhotes enquanto eu estava internada. Por separar ela do meu sogro... Sei que ela fez com bom gosto, e nossa, como cuido bem de
casa e dos meus filhos!
Todos choramos na despedida, e disse a ela que a visitaria com mais frequência.

Chegamos em casa, e eu já senti aquele vazio por não tê-la mais. Eu estava meia perdida ainda dentro da minha própria casa!
Estava tudo organizado de modo diferente, então vivo ligando pra minha sogra pra saber onde estão as coisas. Pra mim foi bom, pois sou péssima em organizar algo, e agora ficou mais fácil pra mim. É só seguir o que ela já fazia...

Agora umas 2 vezes por mês eu vou ao médico, para fazer exame de sangue e às vezes exame da medula! Com o tempo vai diminuindo a quantidade de consultas, conforme os resultados dos exames.
O médico disse, que no meu caso não tem nada contra indicação! Os medicamentos diminuiram aos poucos, e agora não preciso mais deles.
Esses exames são para ver as taxas do sangue, e verificar como está a doença! A Leucemia sempre sobra um pouco, mas esse pouco não chega afetar nada no corpo, é o menos de 5% da doença. Nos exames sempre tem que estar abaixo disso!
No tempo de 5 anos, se a doença não voltar, já sou considerada curada! Mas se caso voltar, já foi direto para o transplante de medula óssea.

Eu e meu irmão somos metade compatível! A outra metade, só dá pra saber quando eu realmente precisar, e fizer o outro exame específico.

Estou curtindo muito cuidar de casa, da minha família, e sendo muito mais feliz, de um modo que nunca fui!
Já é primavera, época que começa esquentar um pouco. Amo a primavera, ir aos parques, jardins e fazer piquenique! Sentir o clima fresco, o ventinho gostoso bater em meu rosto. Aliás já fomos em um parque,fiz bentô (tipo de marmitex, bolinhos de arroz e uma mistura,típico para piquenique). Logo que chegamos, crianças já queriam almoçar,
então eram 11 horas e já estávamos comendo!
Tinha um campo enorme, de grama verdinha! E em volta do parque, dava para alugar umas bicicletas e quadriciclo. Alugamos 2 quadriciclo, eu fui com o Gabriel, e a Larissa com o maridão! Demos 2 voltas no parque, mas na primeira volta eu já estava morta de cansaço! (risos)
Falta de exercício, dá nisso! hahaha


Na volta, todos dormiram no carro! Só eu, a motorista, que fiquei na vontade (risos).

Apesar de estar muito feliz, estou um pouco assustada com esses terremotos constantes! Quando penso que já está mais tranquilo, a terra volta a tremer. Mas o que me deixa um pouco tranquila é que eu penso, lutei e luto tanto pra viver, que eu acho que não morreria agora... e mesmo se acontecer, tenho muita Fé de que Deus sabe o que
está fazendo, e o que me reserva! As crianças estão muito assustadas!
Tento não pensar muito nesses terremotos, e me focalizo nas coisas que quero fazer.

Ontem fui ao Hemocentro, perguntar como funciona as doações de sangue no Japão! Logo que entrei, o atendente perguntou se eu iria doar sangue (risos). Então eu expliquei a ele, que fui só para me informar, e que não poderia doar por causa da Leucemia.
Existem muitos brasileiros que gostaria de ser doador de sangue, mas por não saber a língua japonesa, acabam não doando. Então eu pensei em traduzir, explicar e montar uma campanha! Espero poder realizar, pelo menos a
metade dos meus planos, e a doação é uma parte delas.

Tive uma notícia ruim também...
Uma amiguinha foi internada, e com Leucemia também! Fiquei triste, mais triste do que quando soube que estava doente. Senti muito mais!
Ela tem 10 aninhos!
Mas deixei a tristeza de lado, e re lembrei muito de quando eu fui internada, de como eu poderia ajudá-la. Ela não sai de meu pensamento, e tento sempre mandar energias positivas a ela, peço para Deus e todos bons espíritos que dê muita força pra ela e toda família! Eu tenho a certeza de que vai sair dessa também!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pray for Japan

Vim para o Japão com 11 anos de idade, e logo ingressei na escola japonesa sem saber uma palavra se quer! Fui bem recebida pelos colegas e professores japoneses.
Tive muita dificuldade com a comunicação, e às vezes mal compreendida, acontecia as brigas na escola.

Quando estava quase me adaptando a escola, e fazendo boas amizades, tive que me mudar. Acompanhar a minha mãe, que ia atrás de empregos.

Dificilmente conseguindo me fixar em um lugar, acabava não conseguindo tempo suficiente para me adaptar a tudo. Numa escola, acabei sofrendo bullying de alunos e professores. Por um momento, eu ODIEI o Japão e os japoneses...

No ginásio, eu já estava bem adaptada na escola e com a língua japonesa. Tinha feito muitas amizades, e foram os melhores anos de escola! Nesse momento eu estava ADORANDO o Japão e os japoneses...

Repentinamente minha mãe resolveu me mandar de volta para o Brasil, faltando apenas 1 ano para terminar o ginásio. Contrariada, voltei!
No Brasil, sentia muita falta dos amigos japoneses, da rotina daqui. Nesse momento sentia SAUDADES do Japão e dos japoneses...

De volta para o Japão, conheci o Amor da minha vida, casei, tive filhos e fiz muitas amizades!

Adoeci, e os médicos daqui descobriram e logo trataram da minha doença. Tive muita ajuda de amigos brasileiros e japoneses. Nesse momento, eu AMEI o Japão e os japoneses...

Ao contrário de muita gente, a minha vida começou aqui no Japão. Minha época de escola, minha adolescência, e até agora...
Percebi que adoro viver no Japão, me adaptei muito bem! Não sei mais o que é viver no Brasil, por mais que eu seja brasileira. Aprendi a amar a esse país, como eu amo o meu Brasil também!

Desculpe-me parentes e amigos que estão no Brasil, preocupados com a minha segurança e de minha família, que peçam pelo nosso retorno. Mas, nesse país que fui bem recebida, vivi os melhores momentos da minha vida, e foi aqui e os japoneses que salvaram a minha vida também!
E agora nessa tragédia que teve, não consigo simplesmente abandonar esse país, deixar a vida que construi aqui para trás. Já amo o Japão, e devo muito ao povo japonês!

Mais uma vez, desculpe. Quero estar aqui, ajudando e motivando! Quero ser e estar presente quando o Japão se reerguer, que eu sei que vai.

Não que eu esteja arriscando a segurança da minha família, mas acredito que quando for a hora certa de morrer, isso acontecerá aonde quer que eu esteja.

Não há fulga para um desastre natural, mas há a Fé e a oração.
Força, meu amado Japão! Acredito nesse país, que logo se reerguerá!
Orações para as vítimas que morreram, e os sobreviventes que sofrem no momento! Que o nosso bom Pai, olhe por todos, alivie a dor e a saudade daqueles que já não estão aqui mais. Que Deus ajude as pessoas a encontrar seus familiares que ficaram separados.

FORÇA JAPÃO!

sábado, 5 de março de 2011

Valentine's Day - parte 2 -


Valentine's Day - Parte 2 -


Para o meu maridinho( hihihi)....
Fiz uma surpresa para ele. Como esse ano foi um ano bastante turbulento para ele, pensei em um presente que ajudasse ele a relaxar! Tem uma colega que trabalha com estética, e fui lá conversar com ela, explicando que queria uma coisa bem relaxante. Ela então disse que ia fazer um pouco de tudo, já que nunca fiz algo assim.

Mas para isso, eu tinha que manter segredo, porque se eu falasse que ia levá-lo num lugar assim, ele iria se opor.

Cheguei em casa e só falei: Coloca uma roupa bem confortável, e vamos sair!
Ele: Como assim, roupa confortável? Pra onde?
Eu: Surpresa! É um dos meus presentes de Valentine's Day.

Subimos no carro, e eu fui dirigindo até o local. Chegando perto, ele comentou: Ah, aqui é onde a esposa do meu amigo trabalha! Ele falou pra você ir lá que é bom!
E eu só rindo por dentro... (risos)

Chegando na estética, ele me faz aquele olhar meio amedrontado e inseguro! Dei tanta risada, que pedi para ele ter calma, que ela não vai fazer nada!
Ela pediu para ele tirar a roupa, e colocar um shorts descartável. Ele colocou, mas não tirou a camiseta! Ri mais ainda, pelo pavor ou vergonha que estava estampado no rosto dele.

Ela disse: A camiseta também!(risos)
Ele: Ah, a camiseta também?! Não sabia...
Eu pensei, se ela disse "tire a roupa", era tudo né? Mas tudo bem, não quis constranger mais o meu Amor! ( risos)

Ela começou pela linfática na barriga, e essa foi a mais dolorosa, segundo o meu maridinho. Depois foi as costas, a parte boa. E por último, ela " embrulhou" ele com plásticos e uma coberta elétrica. Ele ficou uns 30 minutos lá, suando! De começo disse que até dormiu, mas depois ficou quente demais.
Quando ela desembrulhou ele, tinha poças de suor pra tudo quanto é lado! Parecia que havia passado uma chuva lá, até pingava no chão! Nunca vi suar tanto! rs
Diz ele que gostou de tudo!



Bem, essa foi uma parte do presente de Valentine's Day pra ele. A outra parte, não consegui terminar a tempo, então ficou para o dia dos namorados (12 de junho). Um outro post, talvez... (risos)

Valentine's Day - parte1 -


Valentine's Day - Parte 1-


O Valentine's Day(14 de fevereiro) aqui no Japão, é meio parecido com o Dia dos namorados no Brasil. A diferença é que conforme passa os anos, os japoneses inventam uma coisa diferente, para aumentar as rendas nesse dia.
No começo as mulheres davam chocolates para os namorados ou para aquela pessoa que gosta. Hoje em dia, inventaram o " Tomochoco(Tomo= da palavra tomodachi que significa amigos, e Choco= chocolate)" , que são amigas que presenteiam amigas com chocolates. E tem aquelas que dão chocolates para os entes-queridos.

Funciona como se fosse uma troca. As mulheres dão chocolates ou qualquer outro presente no Valentine's Day, e no White Day ( 14 de março) os homens retribui com bolachas, ou qualquer outro presente.
Eu falo mais de chocolates e bolachas, porque são os tradicionais, só depois que começaram a presentear com outras coisas. Ah, e tem o "Rom-mei choco"( Algo como, o chocolate do verdadeiro sentimento), que são feitos a mão pela mulher, e é dado para aquele que ama de verdade. É mais para os apaixonados!

Nessa época do ano, vende cada chocolates bonitos e saborosos! As lojas de departamentos e os shoppings são enfeitados com corações, coisa bem romântica!

No ano passado, fiz um jantarzinho a luzes de velas. Embalada pela música, fiz um menu especial, e dei de presente uma camiseta para meu maridinho.

Esse ano fiquei no hospital, só planejando o que faria. Pensei em ir à algum barzinho diferente ou restaurante...e até no presente! Mas como estamos apertados de dinheiro, devido o tratamento, e também pelo imprevisto que houve antes de voltar pra casa, resolvi deixar esses planos pra quando eu sarar.

Mas ainda não desisti da idéia de comemorar o Valentine's Day! Resolvi comemorar todos juntos, em casa.(Pude voltar pra casa, antes da data). Fiz carne assada, pure temperado, arroz,salada verde e salada de tomate com mussarela búfala! Coisa simples, mas de sobremesa fiz Fondue de chocolate! As crianças adoraram!
E também comprei pequenas caixinhas de chocolates, e dei para minha família.

O morango e o marshmallow ficaram uma delícia! Mas o melão, não caiu bem...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Minha Gravidez no Japão


Minha Gravidez No Japão

Estava conversando com uma amiga, que não vejo há anos. Ela teve seu primeiro filho, e estava me contando como foi.
Surgiu a idéia de contar como foi a minha experiência, grávida e tendo filhos aqui.

Eu estava trabalhando, quando comecei a ficar enjoada e passar mal. Fui embora mais cedo, e voltando pra casa fiz o teste de farmácia, o que confirmou a minha gravidez! Minha mestruação estava atrasada, e nem me dei conta disso!

Através da minha madrasta, conheci uma parteira famosa na minha cidade.Ela já lançou dois livros, e faz palestras nas escolas, falando sobre a importância da vida, e como o bebê vem ao mundo. Eu gostei, pois ela faz tudo ao natural. Ela não usa as intervenções de medicamento, aceleração do parto ou mesmo o tradicional corte vaginal.
A parteira fez o pré-natal todo, sempre cuidadosa com o bebê. Quando ela via excesso de sal ou de açucar na urina, já dava aquele sermão todo. E sempre via se tinha inchaços nas pernas. Dava dicas de comidas com mais vitaminas.

Ela faz uma massagem nos seios para prepará-los na amamentação, porque ás vezes acontece de entupir os furinhos no bico dos seios e não sair mais leite.Nessa massagem, prepara os bicos dos seios também.Muitas mulheres vão por causa dessa massagem.

Quando acontecia do bebê estar sentado, ela dava uns exercícios para fazer, ou senão ela desvirava o bebê na mão mesmo. Tipo de "massagem" na barriga. Dói um pouco, mas tudo era para o bem do bebê...

Tinha a opção de parir em casa, dentro da banheira, ou na sala de parto. Eu optei de ter na sala de parto!

Antes disso, tive aulinhas de respiração que tive que fazer conforme as contrações. E aulinhas com meu marido, de como ele poderia me ajudar nessas horas.

No meu primeiro filho, fiquei apavorada com as contrações e acabei não fazendo a respiração que aprendi. Fiz força demais, e antes do tempo, que resultou ele nascendo e a placenta saindo junto! A placenta saindo antes do tempo, fez com desgrudasse do útero, rasgando-o.
Logo a parteira chamou um médico, que é convênio com ela, para costurar. Levei pontos no útero, sem anestesia. Doeu muito, mas não poderia pedir a anestesia, pois interferia na amamentação do meu filho. Então aguentei a dor, eu mesma não fiz nada direito durante o parto, desobedecendo a parteira, era minha culpa. O mais importante, é que meu filho nasceu saudável!
Meu marido acompanhou tudo, e choramos juntos de felicidade ao ver nosso filhinho.

Na minha segunda gravidez, já mais experiente e aprendido a lição com o parto anterior, fiz tudo direitinho.
Compreendi que fazendo a respiração direitinho, do jeito que a parteira ensina, a dor da contração é mínima. E minha madrasta me ensinou uma posição que alivía as dores. Agachar, abrindo as pernas, tipo sapo! Apoia uma mão em algum lugar, e a outra mão alisa a barriga do lado, de cima pra baixo, quando descer a mão expira, quando subir respira. Sempre respirando pelo nariz e expirando pela boca. Quando a contração estiver mais forte, fazer esse movimento mais rápido.

Durante o parto, meu marido me ajudou fazendo a respiração junto, massagens nas costas, e segurando a minha mão. Teve uma hora que ele sentou atrás de mim na mesa de parto. Não senti aquela dor, que senti no meu primeiro parto.
Quando percebi, minha filha já tinha nascido, e depois veio a contração de novo por causa da placenta, que saiu facilmente.
Tudo controlado pela respiração!

No dia seguinte já andava normalmente. Lá na parteira, minha filha ficou o tempo todo do meu lado, tinha um bercinho do lado da minha cama. Os primeiros dias a enfermeira levava pra dar banho, e eu acompanhava. Ela ensinou como dar banho e como amamentar.
Achei interessante que tem vários jeitos de amamentar! O tradicional deitado, sentado(muitas japonesas usam esse jeito), e o de lado. Difícil de explicar verbalmente, mas com uma almofada do estilo donuts que coloca na barriga, apóia o bebê do lado e amamenta assim.

O mais legal de tudo, é que meu marido pôde participar de tudo! Ele assistiu os dois partos, e adorou! A emoção que tivemos, choramos juntos!(http://guiadobebe.uol.com.br/parto/papai_vendo_o_filho_nascer.htm)

Li uma matéria sobre esse tipo de parto, no Brasil chama de Parto natural humanizado ( http://guiadobebe.uol.com.br/parto/parto_humanizado_devolve_a_mae_o_controle_no_parto.htm ).

Nada Por Acaso


Nada Por Acaso

Eu estava frustada, pois não posso mais ser uma doadora de sangue e nem de medula óssea(Por causa da Leucemia). Queria poder , pois as transfusões de sangue constante que recebi, foi que manteve viva. E não só na quimioterapia, mas existem tantas outras doenças que a pessoa precisa de transfusões de sangue constante, pois o corpo não fabrica parte da célula do sangue.
Essa frustação foi porque eu não poderia retribuir, o tanto que recebi. Mas como nada é por acaso, chegou uma senhora que ficaria no mesmo quarto comigo.
Ela é alegre, sempre conversando e brincando com os médicos e enfermeiras. A alegria dela contagia a todos! Um dia conversando com ela, soube que ela fazia vários trabalhos voluntários.
E como eu pude não pensar nisso? Eu posso não ser mais útil como doadora de sangue, ou de medula óssea, mas posso ajudar, retribuir de outras formas!

Não sabia como funcionava os trabalhos voluntários, e como uma luz, essa senhora apareceu e me explicou tudo! Até me convidou pra um dia fazermos piquenique com o pessoal que faz o trabalho voluntário. Trocamos telefones e e-mail.
Agora, meus objetivos aumentaram mais ainda! É tanta coisa que quero fazer quando terminar toda a quimio...

No outro dia, assistindo a TV, vi uma reportagem de um grupo de adestradores de cães,que visita as crianças com Leucemia. Esse grupo e o hospital, se juntaram para essa nova terapia.
As crianças não viam a hora deles chegarem com os cachorrinhos! Acariciavam, passeavam pelo hospital com os cachorrinhos. Era só alegria! Mesmo quando as crianças estavam meio mal por causa da quimio, não podendo se levantar da cama, a adestradora levava o cãozinho no quarto para pelo menos a criança ver.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Uma mulher admirável

Uma admirável mulher

Pude conhecer uma mulher, que só pela estória de vivência dela, comecei a admirá-la muito! Automáticamente sua estória afetou em  minha vida, e muitos exemplos de como educar meus filhos tiro dela.

Como toda família de antigamente, teve muitos irmãos. Ajudava a criar os irmãos mais novos, enquanto os mais velhos trabalhavam para o sustento da família.
Sempre ajudando nos afazeres de casa, e educando os irmãos. Ora apanhava dos irmãos mais velhos, por julgarem que nada fazia, ou por não cuidar direito dos mais novos. Ás vezes era vista como nervosa, mas nada de anormal, vista daquela época.

Logo se apaixonou e casou. Ela trabalhava em um escritório, e o marido como gerente de banco. Tivera uma vida boa por algum tempo!A vida financeira não era tão árduo como na infância.
E por conta disso, ajudaram os irmãos a se formarem. Mas como todo casal tem, teve seus perrengues no casamento! Turbulências, brigas, vícios...

Se passaram quase 10 anos, e ela não conseguia ter filhos. A pressão era grande, e as brigas constantes.
Essa mulher conseguiu engravidar, e teve um filho! Três anos mais tarde, teve outro.
A felicidade reinava. Finalmente a família estava completa.
Mas não durou muito isso...
Pela sua posição de emprego, o marido caiu no vício de jogos, bebidas. Apostou tudo que tinha, até a própria casa.

Essa mulher sempre trabalhava, e deixava as contas em dia, mas o marido não cumpria com suas obrigações e gastava o dinheiro no jogo. O marido perdeu o emprego, casa e tudo!
E num suposto incêndio, eles perderam tudo, apenas ficando com a roupa do corpo.
 Assim, o marido resolveu vir sozinho para o Japão para trabalhar.
Ela se divorcio dele, já  ele não queria o divórcio.

Fora deixado para trás a mulher com os dois filhos, com nada! Com a ajuda dos parentes dela, que eles conseguiram uma casa alugada para morar.
Não passou muito tempo, para que o ex-marido agora, deixasse de dar notícias e o sustento dos seus filhos. Simplesmente sumiu...

Ela nunca desistiu dos filhos, deu a vida a eles, e nunca se envolveu com homem nenhum mais!
Trabalhava para seu sustento, criava os dois filhos, e ainda dava conta de casa.

Logo, os dois filhos conseguiram empregos. Mais um bico, assim por dizer, por serem novos demais (o mais velho deveria ter uns 16 anos e o mais novo 13 anos). Mas sempre tinha gente dispostos a ajudar!
Estudavam, e um trabalhava numa relojoaria, e o outro como office boy!

A ajuda deles também em casa, era essencial, já que todos trabalhavam fora. Cozinhavam, limpavam, passavam, todas as coisas de casa era dividida.
Essa mulher sempre dava um jeito de dar, uma bola, ou aquela tão sonhada bicicleta. Coisa que eu acho que qualquer mãe faria, agente torna isso possível sempre para nossos filhos!

O mais impressionante, é que essas crianças foram felizes sim!
Apesar de tudo, tiveram o tempo de criança! Brincavam com bola, subiram em árvores, as aventuras com a bicicleta...
Tiveram dificuldades, mas comida era o que não faltava! Ela fazia não faltar! Chegava no final de semana, sempre tinha alguma coisa especial na mesa, e vinha os amiguinhos dos filhos para se juntar a essa fartura. Alguns eram bem pobrezinhos, não tendo nem o que comer, mas essa mulher nunca negava esse tipo de coisa.
Ás vezes os filhos iam pescar, e dava tudo para esses amiguinhos mais pobres. Imagine a felicidade deles??

A falta de um pai doía neles, principalmente no mais velho, que era mais apegado. O abandono do pai, foi irreversível para o mais velho! Imagine pra uma criança como deve ser?? Ter um pai, e de repente não ter mais? Isso afetou psicológicamente, levando a ser um pouco mais revoltado com a vida. Mas a mãe nunca desistiu, sabendo disso sempre tentava conversar com ele, e as vezes até pedia para os tios, conversar com ele sobre esses assuntos que só homem sabe!

Eu imagino como deve ser difícil, pois tendo um filho em casa, e eu sendo mulher, eu não sei como funciona as coisas. Como do mesmo modo nenhum homem sabe como funciona o corpo de uma mulher.
Ser mãe já é difícil, imagine ser mãe e pai??


A situação foi apertando, até que resolveram vir pro Japão, numa oportunidade melhor de vida. Chegando aqui, já enfentando vários tipos de problemas!
O empreiteiro foi buscar no aeroporto, e simplesmente deixo-os numa quitinete. Sem orientá-los aonde poderiam comer, como comprar, como ir aos lugares sem conhecer nada! Nada do que foi prometido...
Sem saber falar a língua, o medo de se perder na cidade, saíram em busca de comida. Perto não tinha supermercados, e o que salvou vou a famosa placa ao alto do Mc Donalds. Essa placa mundial que todos conhece, salvou! Lá dentro, mesmo não sabendo a língua, foi em mímica e apontos de dedos que conseguiram comprar algo pra comer.

O ex-marido apareceu algumas vezes, foram inúmeras tentativas de morar juntos novamente, mas nenhuma deu certo. Ele se afogou no seus vícios de jogos, apostas, mentiras, bebida...

E assim continua a estória dessa mulher que tanto eu admiro! A força de ter criado os filhos sozinha, a renuncia de sua própria vida por eles!
Hoje, os filhos estão encaminhados e ela se rendeu a um novo amor. Um novo amor bem diferente, que ama ela e dá valor que ela merece.
Mas mesmo assim, ela ainda vive para os filhos, netos, pessoas que ela ama! Como sempre, sem medir esforços para vê-los felizes!
Esse é minha história, dessa bela mulher guerreira que eu quero me espelhar! Admiro-a sempre!


Um pouco de estórias

Cada vez que penso nas pessoas, eu me emociono! Deus nos fez, seres humanos, mas tão maravilhosos e cada um com seu jeito de ser.
Se eu, uma mera ser humano já me emociono com as pessoas, imagine Ele?!
Cada um com suas bagagem de histórias e vivências. Por isso que aprendi a nunca julgar as pessoas, porque eu nunca sei o que eles passaram, o que passam, quais suas estórias. E é incrível, que só depois que agente conhece um pouco dessa estória, que pensamos como julgamos tudo errado!

Vou postar algumas, nem vou citar nomes de verdade.
Todas são estórias vista do meu ponto de vista, do modo que ouvi, e peguei pra mim como uma valiosa lição!

Caridade sem limite

Nesse final de ano que voltei pra casa, ouvi uma estória de uma menina de 12 anos.
Eu não a conheço, e nem a sua estória. Ela simplesmente quis me ajudar!

Estavam todos ajudando na feijoada beneficiente que fizeram pra mim, em outubro. Muitos ajudaram, doaram o que podia, e aquela correria de organizar tudo!
Faltava uma parte de dinheiro para poder comprar a TV para rifá-la. E um dia, esta menina estava voltando da escola, dentro da wagon, e ouvira da motorista( ela que ajudou a organizar tudo), que faltava pouco para completar a compra da Tv.

Ela simplesmente falou, que ajuda a completar o que falta. Que iria tirar da mesada dela!
Quando ouvi essa estória, e mesmo escrevendo tudo agora, me emociono muito! Pessoinha admirável! E foi ela, que doou e terminou com a compra a TV.

O que mais me emociona, é que não nos conhecemos, e ela teve essa vontade de ajudar. A intenção dela, foi mais valiosa que todas as coisas. E é isso que dinheiro nenhum compra! Coisa que nunca quero esquecer, a bondade dela.
Uma criança, de 12 anos, bem intencionada, que ajuda! Ela se doou, e fico curiosa em saber que tipo de adulto ela se tornará!

Um desconhecido bem intencionado

Esse homem, espero conhecê-lo logo também!
Ele mora em outro estado, que dá mais de 6 horas de viagem de carro. Ouvira sobre mim, na rádio!
 Minha mãe usou a rádio para agradecer o pessoal e pra falar da feijoada.

Ele entrou em contato com uma de minhas amigas, e disse que queria ajudar!
Mais alegrias pro meu coração, e admirações!
Um desconhecido de tudo, apenas quis ajudar outro ser humano. Chorei muito! E choro de pensar nas pessoas.
Liguei uma vez, para agradecê-lo! E ele disse, pra guardar o número de telefone, endereço, pra caso quando precise. Não pude falar muito, perguntar sobre ele, mas espero conhecê-lo em breve.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Apenas um pensamento

Desde que as dores se foram, eu não me sinto mais doente! Sei que
tenho a doença e estou tratando dela,mas não me sinto nem um pouco
doente. E o que me faz sentir um pouco "anormal".
Tenho meus momentos tristes, deprimentes ou uma crise rápida de raiva,
mas também tenho muita alegria e felicidade.
Li e ouvi estórias de muita gente que passou pelo que passei, e o que
me faz sentir "anormal",e o modo de pensar! Muitos se perguntam " Por
que eu?", quando eu exatamente sei o porque que contrai a doença .
"Por que tenho que passar por isso?", quando também eu sei a
resposta...
As minhas perguntas, todas eu obtive respostas claras e não mais
questionei.

Já sou alegre só pelo fato de estar viva, e eu acho que eu não devo
fazer o papel de doente, de coitadinha. Estou bem, feliz, alegre, e
assim que eu me sinto e e assim que vou transparecer! Uns podem
duvidar se realmente estou doente, ou estranhar, mas eu não me
importo, pois cada um vê de um modo,de um ponto de vista diferente.
Cada um vê o que quer, e eu quero ser o que sou realmente!

Pra mim o pior de tudo não e a doença,nem os exames dolorosos que
preciso fazer, e nem alguns efeitos colaterais que me causam. O pior
de tudo, o mais doloroso ,e ficar longe da minha família! Ver o meu
Amor só de domingo, e ver meus filhos uma vez por mês!
Não estou reclamando,mesmo porque meu Amor só folga aos domingos do
serviço, e para ele vim ao hospital que é longe, gasta duas horas de
trem. E meus filhos são pequenos, não podem entrar nesta ala do
hospital.
Hoje já existe celulares e notbook que da pra fazer vídeo-
conferência, isso alivia a saudade!

Existem muita gente que estão longe de seus familiares, uns em outros
países ou estado, seja por necessidade ou motivo de saúde. Tive a
oportunidade de tratar a doença no Brasil, mas eu não consigo ficar
longe da minha família! Por mais que o motivo seja saúde, eu não
consigo! Sou muito carente, muito apegada ao meu marido e meus filhos,
não suporto nem a ideia de ficar longe deles.
E eu me conheço, seria o fim para mim isso! Sem exageros!
São eles que me deram forca pra lutar, pra continuar. São minha
alegria, os pilares da minha ponte!

A saudade dói muito mais que tudo!